domingo, 28 de março de 2010

Brasil: potência respeitada pelo resto do mundo...

Acabo de voltar de Portugal, tendo passado pelas belíssimas cidades de Coimbra, Lisboa, Aveiro e Porto, sendo que na primeira fui cuidar da papelada para o meu doutoramento (lá se fala assim; aqui é doutorado) com o Professor Pedro Caeiro - curiosamente, pessoa que já o havia citado em meus livros.
Mas, conversei com várias pessoas ao longo do percurso, principalmente pela facilidade do idioma e pude constatar que todos, sem exceção, nutrem um respeito e admiração pelo Brasil, que é algo impressionante - tirante toda a violência das cidades grandes e a impunidade dos crimes políticos - enchendo-me de orgulho, com os comentários sobre o Brasil.
Conversando com empresários, professores, alunos, garçons, enfim, com as pessoas do povo, tanto de Portugal como de Angola, Macal, Goa e Espanha, houve quase que um consenso: o gigantismo do Brasil o levará ao ponto da estrutura comercial, caracterizando-o como uma nova potência. Isto todos os circunstantes me falaram.
A forma como regojizam o Brasil é contagiante. Fora isso, cruzei com dezenas de brasileiros, nos bares, restaurantes e no comércio em geral, onde quase todos tinham histórias parecidas: cruzaram o oceano em busca de melhores condições de vida (rectius: sem a violência urbana, onde podem criar seus filhos em contato direto nas ruas, sem temer por violência cruel e impune!!!), mas sempre com o desejo de voltar ao Brasil, "um dia, quando melhorar"....
Isto me fez refletir para o seguinte: de que adianta ser uma potência econômica, financeira, respeitada pelo mundo, sem que exista uma possibilidade de vida digna ao povo???
Via pelas ruas de Portugal centenas de residências simplesmente sem grades ou muros altos. A realidade, ao chegar ao Brasil: exatamente o contrário. Por sinal, o meu vizinho colocou mais um metro de grade em sua casa, além daquela que já havia... A aparência é horrível, mas há uma tentativa de ganhar segurança com a medida. Mas os muros e grades cada vez mais altas mostram exatamente o senso comum: falta de segurança endêmica.
E o pior é o Brasil é muito respeitado fora; muito querido, mesmo, pelos demais povos, dada a alegria contagiante dos brasileiros, felizes sempre (não sei com o que?) mas passam um "estado de paz" aos demais povos, dada a espontaneidade, simplicidade, vontade de trabalhar, fazer, acontecer, vencer pelo suor...
Aqui, dentro do país, o brasileiro é solapado, vilipendiado, horrorizado, escandalizado, tudo, menos é dado ao brasileiro o direito de viver bem, dentro de seu próprio país, porque a segurança pública é de péssima qualidade; a educação pública, é de pior qualidade ainda; a saúde pública, é algo de fazer inveja aos tempos anteriores à criação da penicilina... pré-histórica, até; a justiça - protege os endinheirados, com seus advogados 'poderosos' e habilidosos, com livre trânsito em todo o canto...
Ora, diante de um cenário como esse sinceramente é plenamente justificável que os brasileiros cruzem os oceanos em busca daquilo que não tem aqui: t r a n q u i l i d a d e!!!!
A potência que se aclara soberana ao resto do mundo esconde uma dura realidade: não há tranquilidade para o simples mortal, o trabalhador honesto, aquele que sacoleja diariamente nos ônibus e metrôs da vida para chegar ao seu trabalho, pois tem sempre a sensação de impunidade diante da fragilidade do Estado brasileiro.
E isto precisa ser estancado imediatamente, pois já estamos atrasados anos-luz no combate à criminalidade, a fim de que possamos nos tornar, efetivamente, uma nação respeitada lá fora, como sendo uma economia estável e uma sociedade justa, em todos os sentidos.
Mas que é gratificante ouvir dos circunstantes do mundo que o Brasil é muito bom...

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