quinta-feira, 23 de setembro de 2010

AUTORITARISMO X DEMOCRACIA

No dia de ontem, capitaneados por Helio Bicudo (fundador do PT), Celso Laffer, Carlos Velloso, José Carlos Dias e Miguel Reale Junior - juristas de escol e personalidades marcantes (D. Paulo Evaristo Arns), Marco Antonio Villa, Boris Fausto, José Arthur Gianotti,  - fizeram manifesto forte sobre o autoritarismo de um determinado seguimento político contra a defesa da democracia.
Além destes outras centenas de pessoas intelectuais estavam presentes.
O local: o Largo de São Francisco, em frente à Faculdade de Direito de São Paulo, conhecido como ponto neutro de manifestações públicas de todas as variações possíveis, sem possibilidade de repressão.
Do que restou apurado está o fato de que o regime que se diz democrático está se tornando cada vez mais reacionário e voltado para a coibição do livre arbítrio, da liberdade de expressão, da liberdade de opinião e o que é mais importante, da liberdade de divergir.
"Posso não concordar com uma única palavra que disser, mas defenderei até a morte o direito sagrado de dizê-la" - disse Voltaire, repetido por Assis Chateaubriant no passado.
Alvo de ataques de um determinado seguimento político, a imprensa é alvo constante de interferência estatais, inclusive do Poder Judiciário, o que é algo absolutamente inadmissível.
Os jornais têm o direito de informar - de maneira imparcial - tudo o que se passa no país e no mundo, sem deformar as informações, ouvindo os dois lados da história, sem emitir opinião própria.
Impedir a imprensa de informar é o mesmo que impedir que as pessoas possam conhecer quem são, efetivamente, os dignatários do poder. O que se fez com o jornal "O Estado de S. Paulo" - impedindo-o de noticiar as histórias de Fernando Sarney - é algo abominável num mundo que se diz democrático.
Pessoas sérias permitem que suas vidas sejam vasculhadas, analisadas, observadas e comentadas. Sempre.
Não precisam temer nada. Se erram, e, sendo sérias, admitem e pagam pelos seus erros, não podem se opor aos comentários desairosos que virão por certo. A espiação da culpa é o ônus necessário.
Agora, o que não pode admitir, em hipótese alguma, é um ataque mortal à imprensa.
Ferir o processo democrático é algo totalmente inconsistente!
De outro lado, pessoas inescrupulosas e despreparadas querem coibir que outras pessoas saibam exatamente o que acontece com o nosso dinheiro, o dinheiro dos nossos impostos... ou seja, o que é NOSSO.
Se o Presidente da República escolhe mal seus ministros, ou permite que estes sejam envolvidos (ou se envolvam diretamente) em falcatruas, mercadejando o posto público, tem o Presidente que arcar com as consequências de seu ato e não sair culpando a imprensa pela divulgação do ato. Está errado!
Parafraseando o operário iletrado, que se tornou Presidente, para se tornar mais intelegível, vamos pro futebol - coisa bem popular e de fácil intelecção, até para os menos favorecidos intelectualmente falando:
É o mesmo que dizer que o atacante que perdeu o gol feito - só ele e a trave, sem goleiro - só perdeu o gol por culpa da torcida, que o vaiou depois do ato insano!!
É inadmissível! É inconsistente e totalmente sofismático!
Se alguém ousa dissentir da opinião do Chefe pronto! É inimigo! Não! É adversário, somente!
A unanimidade é burra! As pessoas precisam saber conviver com os contrários.
E a imprensa é a melhor arma para combater o nepotismo, o autoritarismo, os atos despóticos, etc.
E ela o braço 'armado' da pena de bico ao computador, da máquina de escrever ao mais avançado programa de software... enfim, de qualquer maneira, e ela o estandarte da segurança, da convivência pacífica dos opostos.
Tentar culpar a imprensa por tudo o que de ruim existe é     i-n-a-c-e-i-t-á-v-e-l  !!!!
E mais, classificar de 'inimigos' os contrários ao regime é verdadeiramente uma atitude facista, autoritária, golpista e outros adjetivos piores ainda.
O Brasil passou da ditadura  - eu ainda era muito novo nessa época e tinha o discernimento apurado do que era uma ditadura, até sentir seus efeitos na minha juventude - para a democraria.
Porém, aqueles que conviveram com o primeiro regime sabem bem o que significa o autoritarismo e as frases de efeito: Brasil ame-o ou deixe-o. Hoje, me parece algo muito parecido, apenas com as roupas mais clean - quem não está comigo é contra mim. Algo me sugere a repetição de um passado que todos querem esquecer, isto é, ou se convive com os opostos ou estaremos todos caminhando para um facismo branco (ou melhor, um facismo vermelho, com uma cruz no meio estampando falsas verdades).
Num país democrático, ou que se diz democrático, pessoas diferentes convivem harmoniozamente (ou divergem no campo das ideais). Querem que todos gostem do vermelho é algo inadmissível.
Se eu tenho opinião divergente tenho o direito de exprimi-la.
Se pessoas pensam contrariamente a minha ideia, que as exponha e chegaremos a um denominador comum, ou, quem sabe, eu me deixe convencer pelos seus argumentos,  jamais pela sua truculência.
Daí resulta todo o processo democrático, onde as pessoas são escolhidas pelo voto direto, as leis são editadas por meio de voto... o controle se dá dessa maneira. Na opinião dos contrários.
Quando a imprensa noticia algo e é usada pelos adversários políticos, repito, não é o noticiário que é uma forma de prejudicar a reputação de alguém, é o fato que é ruinoso. A notícia do fato é a exteriorização de que algo aconteceu. O fato é ruinoso. A notícia é apenas a consequencia.
Querer calar a imprensa pelo notícia é abominável.
O regime democrático sofre com isso.
Precisamos fortalecer as instituições. Se estas forem suficientemente preparadas, com certeza, as notícias serão melhores e ninguém proferirá manifestações desairosas a elas, claro.
E a imprensa livre é a melhor exposição da democracia.
A verdade é dura, mas é a verdade.

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